Parques Temáticos no Mundo – Líderes e Tendências

Minha Amiga, Meu Amigo,

Todos os anos, o setor de parques temáticos e museus ganha um novo ponto de referência: o Global Experience Index, relatório publicado pela Themed Entertainment Association (TEA) em parceria com a AECOM. Mais do que um simples ranking, esse estudo oferece uma leitura aprofundada sobre o desempenho global da indústria de atrações, apontando tendências, transformações e os movimentos estratégicos dos grandes operadores mundiais.

O relatório mais recente traz os números de 2024, servindo como uma fotografia atualizada do mercado logo antes de uma nova fase de expansão. É importante lembrar que a performance de 2025 — marcada por grandes estreias, como o Epic Universe em Orlando — ainda será publicada apenas em 2026. Ou seja, estamos diante de um retrato recente, mas consolidado, que ajuda a entender como o setor chegou até aqui e para onde ele parece apontar.

Neste artigo, a ideia não é apenas observar quem cresceu ou caiu no ranking, mas oferecer um panorama mais amplo:

  • O papel da Disney como líder global e referência de modelo operacional;

  • A força do mercado de Orlando, ainda o mais robusto e competitivo do planeta;

  • As mudanças estruturais que moldam o comportamento do público e a estratégia das empresas;

  • E o avanço consistente de novos polos de entretenimento, especialmente na Ásia e no Oriente Médio.

Em resumo, é um convite para olhar o setor com perspectiva — entendendo os números, mas também as narrativas que eles contam.

Parques Temáticos no Mundo – Líderes e Tendências

O que é o Global Experience Index e o que é a TEA

 

O Global Experience Index™, produzido pela Themed Entertainment Association (TEA) em parceria com a consultoria AECOM, é o relatório mais respeitado e amplamente utilizado no setor de entretenimento temático e atrações culturais. Publicado anualmente, ele compila os números oficiais de público dos principais parques temáticos, parques aquáticos e museus do mundo, oferecendo um panorama completo sobre a evolução e o desempenho global dessa indústria.

Mais do que um ranking, o estudo se tornou um termômetro do setor. Ele ajuda a medir a vitalidade econômica, as mudanças no comportamento do visitante, a eficiência dos modelos de operação e a força das grandes marcas de entretenimento. As análises combinam dados públicos, informações fornecidas pelos próprios operadores e projeções desenvolvidas pela equipe técnica da AECOM — garantindo consistência e comparabilidade ano após ano.

A Themed Entertainment Association (TEA), fundada em 1991, é uma organização internacional sem fins lucrativos que representa profissionais e empresas especializadas na criação de experiências temáticas — de parques e museus a exposições, shows e atrações imersivas. Entre seus associados estão as principais empresas de design, engenharia, narrativa e tecnologia de entretenimento do mundo.

O relatório de 2024, foco deste artigo, foi publicado no segundo semestre de 2025 e apresenta os dados consolidados de attendance (público total) referentes ao ano anterior. Por essa razão, vale destacar:

🔹 Os números aqui citados são de 2024. O levantamento referente a 2025 será divulgado apenas em meados de 2026.

Essa defasagem é natural — e até estratégica. Ela garante que as análises se baseiem em dados reais e auditáveis, refletindo uma visão sólida do setor.

Com isso, o Global Experience Index se consolida como a principal referência mundial para medir desempenho e tendências nas indústrias de parques e museus. É a partir dessa base que podemos compreender, nas próximas seções, quem são os líderes, quais mercados mais cresceram e como o perfil do visitante e do investimento vem mudando.

Visão Geral do Setor

 

O setor global de parques temáticos, aquáticos e museus atravessa um período de estabilidade e reconfiguração estratégica. Depois do impacto sem precedentes causado pela pandemia, o que se observa desde 2022 é um movimento de consolidação: volumes de visitantes voltaram a crescer, mas as empresas passaram a priorizar qualidade de experiência e rentabilidade em vez de apenas recordes de público.

Os dados do Global Experience Index 2024 mostram que o mercado atingiu um ponto de maturação importante. Entre os 25 parques temáticos mais visitados do mundo, o total de público chegou a 245,9 milhões de visitantes, um aumento de 2,4% em relação a 2023. Já os 10 maiores grupos operadores receberam, juntos, mais de 549 milhões de visitantes, consolidando a recuperação completa da indústria.

Esse crescimento, no entanto, não é uniforme. A América do Norte e o Japão demonstram estabilidade e foco em reinvestimento, enquanto a China e o Oriente Médio se firmam como novos polos de expansão, com projetos de grande escala e forte apoio governamental. Esse avanço descentraliza o mapa global do entretenimento, que antes girava quase exclusivamente em torno dos Estados Unidos e da Europa.

Outro ponto marcante é o ajuste de modelo de operação. Os principais grupos — liderados pela Disney, Universal, Merlin Entertainments e Fantawild — têm mostrado que é possível gerar receitas recordes com volumes menores de público, graças a políticas de precificação dinâmica, otimização da capacidade e ampliação do gasto per capita. A lógica da indústria está migrando de “mais visitantes” para “melhores visitantes”.

Além disso, o relatório confirma o fortalecimento do ecossistema temático baseado em propriedade intelectual (IP) — marcas, personagens e franquias que criam conexões emocionais e impulsionam visitação. Essa estratégia, inaugurada em larga escala com The Wizarding World of Harry Potter e Pandora – The World of Avatar, hoje é praticamente o padrão de mercado para novos investimentos.

No conjunto, os números de 2024 mostram um setor mais maduro, tecnicamente sofisticado e globalizado, com estratégias mais sustentáveis e uma geografia de investimentos cada vez mais diversificada.

A Dominância Mundial da Disney

 

Mesmo em um cenário de recuperação e crescimento acelerado em outros mercados, a Disney Experiences manteve em 2024 a liderança global indiscutível no setor de parques temáticos. Segundo o Global Experience Index 2024, a divisão de parques e experiências da The Walt Disney Company recebeu 145,2 milhões de visitantes, o que representa 26,41% do total registrado entre os dez maiores grupos operadores do mundo.

Embora essa participação percentual seja ligeiramente menor do que a observada no período pré-pandemia — quando a Disney chegou a deter quase 30% do público global em 2019 — o volume absoluto de visitantes permanece incomparável. O grupo ocupa o primeiro lugar com ampla margem sobre o segundo colocado, o Fantawild Group, da China, que contabilizou 87,2 milhões de visitantes, seguido pela britânica Merlin Entertainments (62,8 milhões) e pela Universal Destinations & Experiences, que atingiu 58,9 milhões.

Esse quadro confirma a consolidação de um novo equilíbrio competitivo, no qual a Disney mantém o protagonismo global enquanto empresas asiáticas — especialmente Fantawild e OCT Parks China — expandem rapidamente seu alcance e reduzem a distância em termos de participação relativa. Mesmo assim, a diferença entre a Disney e sua concorrente mais próxima permanece superior a 58 milhões de visitantes anuais, equivalente, sozinha, ao público total de todo o portfólio da Universal.

Em 2024, os dez maiores grupos operadores do planeta somaram 549,85 milhões de visitantes, sendo que os cinco maiores concentraram 73,5% desse total. A tabela abaixo resume os números oficiais do TEA/AECOM Global Experience Index 2024:


🌍 Top 5 Grupos Operadores de Parques Temáticos – 2024 (TEA/AECOM)

Posição (2024) Grupo de Operadores Frequência (milhares) Participação no Total do Top 10
1️⃣ Disney Experiences 145.196 26,41%
2️⃣ Fantawild Group (China) 87.168 15,85%
3️⃣ Merlin Entertainments (Reino Unido) 62.800 11,42%
4️⃣ Universal Destinations & Experiences (EUA) 58.975 10,72%
5️⃣ Six Flags Entertainment Corporation (EUA) 50.300 9,15%
Total (Top 5) 404.439 73,55%
Total (Top 10) 549.850 100%

Fonte: TEA/AECOM Global Experience Index 2024 – dados oficiais de frequência (publicado em outubro de 2025).


O relatório destaca que, apesar da queda percentual da Disney em relação a 2019, o grupo mantém uma liderança estrutural, sustentada por um portfólio global de destinos icônicos:

  • Walt Disney World Resort (Flórida) e Disneyland Resort (Califórnia), que seguem como pilares da operação norte-americana;

  • Tokyo Disney Resort (operado sob licença pela Oriental Land Company), Shanghai Disney Resort e Hong Kong Disneyland, que consolidam a presença asiática;

  • e o Disneyland Paris, que ainda é o parque mais visitado da Europa.

Essa rede de parques — todos apoiados por marcas globais e integrações entre cinema, streaming, cruzeiros e produtos licenciados — garante à Disney uma vantagem competitiva que transcende o volume de visitantes.

O relatório também observa que a estratégia de rentabilidade por visitante (yield strategy) se consolidou como pilar central do modelo da Disney: limitar capacidade em períodos de pico, ajustar preços de acordo com demanda e incentivar gastos em produtos e experiências premium. Esse foco em qualidade e valor agregado explica por que a empresa consegue manter receitas recordes, mesmo sem depender de aumentos expressivos no número de visitantes.

Em síntese, os dados de 2024 confirmam:

  • A Disney continua sendo o maior e mais influente operador global;

  • O mercado vive uma diversificação geográfica crescente, com forte avanço asiático;

  • E a liderança da Disney passa a ser medida não apenas pelo volume absoluto, mas pela consistência e integração do seu modelo de negócios — um ecossistema de entretenimento que segue definindo o padrão da indústria.

Magic Kingdom – O Líder Mundial

 

A supremacia do Magic Kingdom Theme Park, em Orlando, continua sendo um dos aspectos mais consistentes e emblemáticos da indústria global de parques temáticos. Desde sua inauguração, em 1971, o parque nunca deixou o topo dos rankings de frequência — e em 2024 manteve, pelo 18º ano consecutivo, o posto de parque mais visitado do planeta.

De acordo com o TEA/AECOM Global Experience Index 2024, o Magic Kingdom recebeu 17,836 milhões de visitantes, o que representa um crescimento de 0,7% em relação a 2023. Mesmo em um cenário de estabilização do mercado norte-americano, o parque segue isolado no primeiro lugar, à frente da Disneyland (Califórnia) e dos dois resorts da Disney no Japão.

Em termos históricos, o parque já havia atingido seu pico em 2019, com 20,963 milhões de visitantes — um recorde absoluto para qualquer parque temático no mundo antes da pandemia. Os números de 2024 indicam que o Magic Kingdom se aproxima gradualmente desses níveis pré-2020, reforçando sua posição como o coração do complexo Walt Disney World e a principal âncora do turismo em Orlando.


🎢 Top 10 Parques Temáticos Mais Visitados do Mundo – 2024 (TEA/AECOM)

Posição Parque Temático Operador Localização Visitantes (milhões) Variação 2024 vs 2023
1️⃣ Magic Kingdom Disney Experiences EUA – Orlando, FL 17,836 +0,7%
2️⃣ Disneyland Park Disney Experiences EUA – Anaheim, CA 17,337 +0,5%
3️⃣ Universal Studios Japan Universal Destinations & Experiences Japão – Osaka 16,000 0,0%
4️⃣ Tokyo Disneyland Disney Experiences Japão – Tóquio 15,104 +2,6%
5️⃣ Shanghai Disneyland Disney Experiences China – Xangai 14,700 +5,0%
6️⃣ Chimelong Ocean Kingdom Chimelong Group China – Zhuhai 12,628 +0,9%
7️⃣ Tokyo DisneySea Disney Experiences Japão – Tóquio 12,441 +2,9%
8️⃣ EPCOT Disney Experiences EUA – Orlando, FL 12,133 +1,3%
9️⃣ Disney’s Hollywood Studios Disney Experiences EUA – Orlando, FL 10,333 +0,3%
🔟 Disneyland Paris Disney Experiences França – Marne-la-Vallée 10,214 −1,8%

Fonte: TEA/AECOM Global Experience Index 2024 – dados oficiais publicados em outubro de 2025.


A força do Magic Kingdom dentro de Orlando

O Magic Kingdom é o principal pilar da Walt Disney World Resort, que domina o mercado de parques temáticos da Flórida.
Segundo o relatório, em 2024 a Disney respondeu por 67,82% de todo o público da região de Orlando, um leve aumento em relação a 2023 (66,93%). O Magic Kingdom é o principal responsável por essa fatia — sua performance individual supera a soma de vários concorrentes combinados.

A ligeira queda nos parques da Universal (refletida em 2024) é atribuída a um comportamento de espera do público local e internacional, que aguardava a abertura do Epic Universe em 2025. Essa tendência reforça a natureza cíclica da indústria: períodos de estabilidade antecedem picos de crescimento após a introdução de novas atrações.


Fatores que sustentam a liderança

A posição do Magic Kingdom é sustentada por um ciclo contínuo de reinvestimento, narrativa e integração de marcas.
Entre os destaques recentes estão:

  • A inauguração de TRON Lightcycle / Run, que impulsionou a visitação em 2023 e 2024;

  • O fortalecimento da sinergia com as franquias da Disney, especialmente Frozen, Encanto e Moana (com a nova atração Journey of Water inaugurada em EPCOT, impactando o resort como um todo);

  • E o aumento no número de eventos sazonais, como o Mickey’s Not-So-Scary Halloween Party e o Very Merry Christmas Party, que estendem o calendário de visitação e ampliam a receita per capita.

Mesmo com críticas recorrentes sobre possíveis distorções metodológicas na contagem de visitantes — como a inclusão de múltiplas entradas no mesmo dia — o TEA Global Experience Index é amplamente reconhecido como a referência oficial da indústria, e inclusive citado pela própria Disney em relatórios institucionais e de mercado.


Um líder que define o setor

Em um mercado cada vez mais competitivo, o Magic Kingdom permanece como referência global de operação, narrativa e experiência.
Ele representa a síntese do modelo Disney: uma combinação de imersão temática, eficiência operacional e vínculo emocional com o visitante, que nenhuma outra marca conseguiu reproduzir com a mesma consistência.

Mais do que o parque mais visitado do mundo, o Magic Kingdom é o símbolo da maturidade e resiliência da indústria de entretenimento — um ícone que continua a inspirar, atrair e redefinir o padrão da experiência temática, ano após ano.

O Mercado de Orlando

 

O mercado de parques temáticos da Flórida Central, e especialmente da região de Orlando, continua sendo o maior e mais relevante hub da indústria de entretenimento temático no mundo. Nenhum outro destino concentra tamanha densidade de parques, resorts e infraestrutura turística — e é justamente essa escala que faz da cidade o principal termômetro do desempenho global do setor.

Mesmo após um ciclo de ajustes e estabilização no pós-pandemia, os números de 2024 reforçam o domínio absoluto da Walt Disney World Resort (WDW) no mercado local. Segundo o TEA Global Experience Index 2024, o conjunto dos oito principais parques da região somou 76,4 milhões de visitantes, distribuídos entre as três grandes operadoras — Disney, Universal e SeaWorld.

A Disney respondeu por 67,82% do público total, enquanto a Universal Orlando Resort (UOR) representou 26,17%, e o SeaWorld Parks & Entertainment ficou com 6%. Em termos absolutos, os quatro parques da WDW receberam cerca de 49,1 milhões de visitantes em 2024, contra 18,95 milhões nos dois parques da Universal (Universal Studios Florida e Islands of Adventure).


🎡 Market Share dos Parques Temáticos da Área de Orlando – 2024

Operadora Market Share (2024) Frequência Total (milhões) Número de Parques
Walt Disney World (WDW) 67,82% 49,1 4
Universal Orlando Resort (UOR) 26,17% 18,95 2
SeaWorld Parks (Orlando/Tampa) 6,00% 4,6 2
Total (área de Orlando) 100% 76,4 8

Fonte: TEA/AECOM Global Experience Index 2024 – dados de frequência combinados para os principais parques da Flórida Central.


Evolução do Market Share em Orlando

A evolução da última década mostra uma liderança consistente da Disney, mas acompanhada por ganhos graduais da Universal, que vem investindo de forma contínua em expansão de resorts, hotéis e novas áreas temáticas.

📊 Histórico de Participação (2019–2024)

Ano Total de Visitantes (milhões) Participação Disney Participação Universal Participação SeaWorld Observações
2019 88,9 ~70% ~23% ~7% Ano de pico pré-pandemia; Universal em crescimento forte (Islands of Adventure +6%)
2023 76,9 66,93% 26,95% 6,12% Mercado estagnado; declínio de -9,3% nos parques da Universal
2024 76,4 67,82% 26,17% 6,00% Leve recuperação da Disney e estabilidade geral do mercado

Fonte: TEA/AECOM Global Experience Index 2024 – dados históricos comparativos (2019–2024).


Um mercado em transição

O ano de 2024 marcou uma fase de estabilização no mercado de Orlando, após o rápido crescimento observado em 2022 e a leve retração de 2023.
A Disney voltou a registrar pequeno ganho de participação (+0,9 ponto percentual), resultado de uma gestão de capacidade mais equilibrada e da continuidade do apelo de atrações recentes — entre elas, TRON Lightcycle / Run no Magic Kingdom e Guardians of the Galaxy: Cosmic Rewind no EPCOT.

A Universal Orlando, por sua vez, manteve sua posição de segundo maior operador local, mas apresentou uma queda combinada de -2,5% em 2024. O relatório associa esse movimento à “antecipação estratégica” do público para o novo parque Epic Universe, cuja inauguração em 2025 já influencia as decisões de viagem e provoca um efeito temporário de adiamento de visitas.

O SeaWorld, com presença menor em volume, manteve sua fatia de mercado, sustentado pelo desempenho estável do SeaWorld Orlando e pelo parque-irmão em Tampa.


O segmento de parques aquáticos

Além dos parques temáticos tradicionais, Orlando também lidera o mercado norte-americano de parques aquáticos, com quatro unidades entre os 20 mais visitados das Américas.
Em 2024, o setor movimentou aproximadamente 4,9 milhões de visitantes, com leve retração em relação a 2023.

💦 Frequência dos Principais Parques Aquáticos de Orlando – 2024

Parque Operadora Frequência 2019 (milhares) Frequência 2024 (milhares) Participação 2024 (% do total de 4,9M)
Typhoon Lagoon Disney 2.248 1.817 37,1%
Volcano Bay Universal 1.811 1.650 33,7%
Aquatica SeaWorld 1.533 1.435 29,3%
Blizzard Beach Disney 1.983 897 — (fechado parte do ano)

Fonte: TEA/AECOM Global Experience Index 2024 – parques aquáticos das Américas.


Um ecossistema em equilíbrio

Os dados de 2024 deixam claro que o mercado de Orlando vive um equilíbrio dinâmico:

  • A Disney mantém a liderança e prioriza rentabilidade sobre volume;

  • A Universal sustenta sua fatia enquanto investe;

  • E a SeaWorld mantém relevância com foco no público local e integração com o turismo de Tampa.

Com a chegada do Epic Universe em 2025, o relatório aponta para uma provável redistribuição temporária de público, mas sem alterar o fato de que a Walt Disney World continuará sendo o maior e mais consolidado complexo temático do planeta — e Orlando, o centro nervoso da indústria global de parques.

O que está mudando nesse setor?

 

O relatório TEA Global Experience Index 2024 evidencia que o setor de parques temáticos e museus está passando por uma transformação estrutural profunda — não apenas na geografia dos investimentos, mas também na forma como os grandes operadores medem sucesso e planejam crescimento.

Durante décadas, o principal indicador de desempenho era o volume de visitantes. Hoje, a métrica mais relevante é o valor gerado por visitante — o chamado per capita spending. Essa mudança foi acelerada pela pandemia, mas consolidou-se como uma nova filosofia de operação: menos visitantes, mas mais receita por pessoa.

Os operadores descobriram que podem igualar ou até superar receitas pré-pandemia com públicos menores, priorizando conforto, eficiência e experiências premium. A Disney é o exemplo mais emblemático dessa virada: sua estratégia de yield management — combinando capacidade controlada, precificação dinâmica e aumento do gasto médio — se tornou um modelo de referência.

Entre os principais movimentos e tendências identificados no relatório de 2024, destacam-se:


1. Do volume à rentabilidade

A antiga lógica de “mais é melhor” deu lugar a uma abordagem de otimização de valor.
Empresas como a Disney Experiences e a Universal Destinations & Experiences priorizam margens e experiênciasobre recordes de público. Isso se reflete na disposição de reduzir capacidade máxima, controlar ingressos via reservas antecipadas e oferecer produtos diferenciados, como Lightning Lane, passes expressos e eventos pagos com acesso exclusivo.

Esse modelo é sustentado por uma mudança de comportamento do visitante: o público pós-pandemia está disposto a pagar mais por conveniência e qualidade, e tem menor tolerância a superlotação e longas filas.


2. O poder das franquias e da propriedade intelectual (IP)

O conteúdo temático baseado em IPs — marcas e histórias consagradas — continua a ser o principal motor de crescimento da indústria.
O TEA destaca que as expansões mais bem-sucedidas dos últimos anos derivam de franquias reconhecidas globalmente, como Star Wars, Avatar, Harry Potter e Super Nintendo.

A Disney e a Universal dominam esse campo, usando o entretenimento cinematográfico como combustível para experiências físicas. O Zootopia Land em Xangai, inaugurado em 2023, e o Super Nintendo World no Japão são exemplos claros de como a convergência entre mídia e parque gera relevância cultural e retorno financeiro.

O relatório também observa que essa estratégia se expandiu além dos grandes conglomerados: grupos como SeaWorld, Six Flags e Fantawild também passaram a adotar personagens e marcas reconhecíveis, adaptadas ao público local, como forma de fidelização e diferenciação.


3. Expansão geográfica e novos polos de investimento

O eixo da indústria está se descentralizando gradualmente do Ocidente.
Embora os Estados Unidos continuem sendo o mercado mais rentável, o crescimento percentual mais acelerado vem da Ásia e do Oriente Médio.

A China, por exemplo, consolidou-se como a maior concentração mundial de parques novos e registrou sete das dez maiores operadoras asiáticas. A Fantawild Holdings, sozinha, movimentou mais de 87 milhões de visitantes em 2024, um salto de quase 75% em relação a 2019.

Já o Oriente Médio desponta como um novo centro global de entretenimento, com Yas Island, em Abu Dhabi, atraindo 38 milhões de visitantes e projetos de escala monumental em curso — como Six Flags Qiddiya City e o Disney Abu Dhabi, anunciado para os próximos anos.

O relatório ressalta que a expansão para essas regiões é impulsionada por políticas de diversificação econômica, investimentos públicos em turismo e posicionamento estratégico de marcas globais.


4. Tecnologia, eficiência e personalização

A transformação digital é outro eixo fundamental dessa nova fase.
Os aplicativos móveis se tornaram o centro da jornada do visitante — integrando reservas, alimentação, mapas e gestão de tempo em uma única interface.
Além disso, a análise de dados em tempo real permite ajustes dinâmicos de operação, otimizando filas, manutenção e até preços.

Os sistemas de reserva antecipada, fila virtual, pagamento sem contato e recomendações baseadas em comportamento passaram a ser padrão, e não mais diferenciais.


5. A ascensão da experiência natural e restaurativa

Em contraste com o avanço tecnológico e das grandes franquias, o relatório também identifica um movimento crescente em direção à “reconexão com a natureza” (rewilding experiences).
Atrações que oferecem espaços verdes, interações com fauna e momentos de contemplação vêm ganhando força — tanto nos parques quanto em experiências híbridas, como jardins botânicos e museus de ciências com foco ambiental.

Esse equilíbrio entre imersão digital e conexão natural é visto como a nova fronteira da experiência temática.


Um setor que se reinventa

Em síntese, o TEA 2024 descreve uma indústria mais diversificada, mais lucrativa e mais consciente do visitante.
O modelo centrado em volume deu lugar a uma lógica que combina inteligência operacional, storytelling e sustentabilidade — com a Disney ainda no centro gravitacional desse ecossistema, mas com novas forças globais emergindo rapidamente.

A próxima década promete um cenário de competição mais distribuída, investimentos bilionários fora dos EUA e uma mudança de paradigma na forma como medimos sucesso: não apenas em milhões de visitantes, mas na qualidade e impacto das experiências criadas.

O Brasil e a América Latina no Cenário Global

 

Dentro do panorama mundial analisado pelo TEA Global Experience Index 2024, a América Latina representa um mercado em desenvolvimento, com escala significativamente menor em comparação aos grandes polos da indústria — América do Norte, Ásia-Pacífico (APAC) e Europa/Oriente Médio/África (EMEA).
Ainda assim, a região apresenta sinais consistentes de recuperação e crescimento interno, com destaque absoluto para o Brasil, que mantém a liderança regional tanto em parques temáticos quanto aquáticos.


📊 Posição Global por Volume de Mercado (2024)

Região Visitantes (milhões) Participação Relativa Global Observações
Ásia-Pacífico (APAC) 148,1 ~46% Maior concentração mundial de novos parques; crescimento de dois dígitos em 2024.
América do Norte (The Americas) 144,0 ~45% Mercado maduro, liderado por EUA e Disney.
Europa / Oriente Médio / África (EMEA) 68,5 ~9% Estabilidade com foco em reinvestimento e turismo interno.
América Latina & Caribe 12,9 ~4% Crescimento moderado, com destaque para o Brasil.

Fonte: TEA/AECOM Global Experience Index 2024 – dados consolidados por região.


Apesar da distância numérica entre regiões, a América Latina mostrou crescimento sólido de 5,4% em 2024, impulsionado por mercados domésticos fortes e uma retomada consistente pós-pandemia.
O Brasil responde pela maior parte desse volume e mantém a posição de líder absoluto em ambos os segmentos — parques temáticos e aquáticos.


🎠 Parques Temáticos: o domínio do Brasil e o destaque do Beto Carrero World

Em 2024, o Top 10 de parques temáticos da América Latina e Caribe somou 12,9 milhões de visitantes, sendo 2,5 milhões apenas no Beto Carrero World (Santa Catarina, Brasil) — o parque mais visitado da região.
Mesmo com esse bom desempenho, o volume ainda é insuficiente para que qualquer parque latino-americano figure entre os 25 mais visitados do mundo, já que o corte global em 2024 foi de 4,627 milhões de visitantes (Chimelong Spaceship, China).

Parque País Visitantes 2024 (milhões) Variação Anual Posição Regional
Beto Carrero World 🇧🇷 Brasil 2,50 0,0% #1
Six Flags México 🇲🇽 México 1,98 +2,4% #2
Parque Xcaret 🇲🇽 México 1,57 +3,1% #3
Hopi Hari 🇧🇷 Brasil 1,30 +24,7% #4
Fantasilandia 🇨🇱 Chile 1,05 +4,5% #5

Fonte: TEA/AECOM Global Experience Index 2024 – Amusement/Theme Parks Latin America & Caribbean.

O Beto Carrero World, mesmo sem figurar no ranking global, é um caso notável de consolidação regional.
Desde 2019, o parque vem apresentando estabilidade de público e melhorias contínuas em operação e atrações, com forte dependência do turismo doméstico e de excursões interestaduais.
O Hopi Hari, também brasileiro, foi outro destaque em 2024, com crescimento de 24,7%, o maior da região, ultrapassando a marca de 1,3 milhão de visitantes.


💦 Parques Aquáticos: o Brasil entre os líderes mundiais

Se o volume dos parques temáticos latino-americanos ainda é modesto no contexto global, o segmento de parques aquáticos mostra uma realidade diferente.
O Brasil é potência mundial nesse nicho, com múltiplas presenças entre os 20 parques aquáticos mais visitados do planeta.

Em 2024, o Thermas dos Laranjais (Olímpia, SP) recebeu 1,85 milhão de visitantes, ocupando o 4º lugar no ranking global e o 1º na América Latina.
Outros dois parques brasileiros também figuraram entre os Top 20 do mundo: o Hot Park (GO), em 12º, e o Hot Beach (SP), em 18º.

Parque Aquático Localização Visitantes 2024 (milhões) Posição Global (2024)
Thermas dos Laranjais Olímpia – SP 🇧🇷 1,85 #4
Hot Park Rio Quente – GO 🇧🇷 1,30 #12
Hot Beach Olímpia – SP 🇧🇷 1,10 #18

Fonte: TEA/AECOM Global Experience Index 2024 – Water Parks Worldwide.

A presença brasileira nesse ranking demonstra que o país possui expertise consolidada na gestão de parques aquáticos, com operações financeiramente sustentáveis, público recorrente e alta taxa de ocupação durante todo o ano — impulsionadas pelo clima favorável e pela demanda doméstica.


🌎 Tendências e desafios na América Latina

O desempenho regional em 2024 foi positivo e estável, mas a escala continua limitada por fatores macroeconômicos e estruturais.
A TEA aponta que o sucesso dos parques latino-americanos depende fortemente de variáveis econômicas, políticas e de segurança pública, que afetam diretamente o turismo doméstico.

Ainda assim, a região apresenta características promissoras:

  • Mercado interno resiliente e voltado a lazer familiar;

  • Crescimento sustentável em parques regionais de médio porte;

  • Aceleração da recuperação pós-pandemia, especialmente nos parques aquáticos, que atingiram 99% dos níveis pré-2019 já em 2022.

Em síntese, o Brasil se posiciona como um líder regional robusto, com presença global relevante no segmento aquático e potencial de crescimento gradual em parques temáticos — ainda distante, porém, dos grandes centros internacionais em escala e investimento.

Conclusão

 

Os dados do TEA/AECOM Global Experience Index 2024 mostram um setor que recuperou estabilidade e entrou em uma nova fase de maturidade operacional. A prioridade agora é a rentabilidade e a qualidade da experiência — não apenas o volume de visitantes.

A Disney Experiences segue como líder mundial, com 145,2 milhões de visitantes e 26,4% de participação entre os dez maiores grupos. O Magic Kingdom, com 17,836 milhões de visitantes, manteve a liderança global, refletindo a força do mercado de Orlando, que recebeu 76,4 milhões de visitantes em 2024 e onde a Disney respondeu por 67,82% do total.

Enquanto a Ásia consolida seu crescimento e o Oriente Médio desponta como novo polo de investimento, a América Latina — liderada pelo Brasil — mostra vitalidade regional, com destaque para o Beto Carrero World e o Thermas dos Laranjais entre os principais parques do hemisfério sul.

Em síntese, 2024 foi o ano em que o setor de parques temáticos e museus confirmou sua retomada e consolidou um novo equilíbrio global — mais tecnológico, seletivo e diversificado, mas ainda com a Disney no centro da experiência mundial de entretenimento.


📘 Fonte: Todos os dados citados neste artigo são baseados no TEA/AECOM Global Experience Index 2024, publicado em outubro de 2025 pela Themed Entertainment Association (TEA) e AECOM Economics + Advisory, consolidando os números oficiais de frequência e performance do setor global de parques temáticos, aquáticos e museus referentes ao ano de 2024.

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